Maria Elza Fiuza Teles

Persona

"A CULTURA É IMPRESCINDÍVEL"

Nascida em Girimim, Sul do Estado de Minas Gerais, quando jovem a professora Maria Elza Fiuza Teles seguiu o costume dirigido as moças da época: aprendeu piano e francês. Morou muito tempo em Campinas, onde estudou a maior parte de sua vida, e, posteriormente, casou-se com Renato Fiuza Teles, também professor, falecido há três anos. Cursou letras na Universidade de São Paulo (USP), optando pela continuidade do aprendizado da língua francesa. Começou a dar aulas em 1950, acumulando diversos locais de trabalho. Em Osasco, foi diretora de várias escolas osasquenses, dentre elas Ceneart, EEPSG Frei Gaspar da Madre de Deus (antigo Grupo Escolar Presidente Altino – Gepa). Mas uma das melhores lembranças fica por conta do período em que lecionou, junto ao marido, no já extinto Instituto José Manuel da Conceição, uma entidade de ensino ligada ao Mackenzie, localizada na cidade de Jandira.

Em sua residência, situada numa rua bastante tranqüila da cidade de Osasco, Elza atendeu a equipe de O Diário. Num curto bate-papo, ela comentou alguns aspectos de sua vida. Falou sobre os gostos por viagens, e dos lugares que conheceu, no Brasil e no exterior. Na Europa esteve duas vezes. A primeira, fazendo pós-graduação na Sorbonne, na França. E a segunda (comentada com emoção), junto ao marido Renato, quando conheceram diversos países, como Suíça, Alemanha, Grécia, Portugal e Espanha. A viagem finalizou-se com a visita a Israel, um marco para o casal de evangélicos.

O Diário - Por qual motivo a senhora optou pelo professorado?

Elza Fiuza Teles – Minha mãe e meu pai eram professores e meu avô era proprietário de um colégio, no Sul de Minas. Naquele tempo, há 45 anos, as mulheres estudavam apenas para serem professoras. Mas trabalhei muito tempo em escolas, e posso dizer que sempre gostei bastante.

OD – Sendo professora mãe e avó, como a senhora compara o lecionar de hoje com o de ontem?

ET – Eu penso que era mais difícil àquela época, já que as condições físicas de trabalho eram escassas. Faltavam escolas e salas de aula. Não havia lugares para se trabalhar. Muitas vezes, tínhamos que mudar para outras cidades, para podermos lecionar. Eu mesma morei em Viradouro e Amparo. Esse quadro só se alterou quando Jânio então governador do Estado de São Paulo, construiu diversos estabelecimentos de ensino. A partir daí, as coisas melhoraram, tanto para professores como para alunos.

OD – E com relação aos alunos?

ET – Ah, era mais fácil. Eles eram mais obedientes. Agora, é mais complicado. Vejo a dificuldades de minhas filhas, que lecionam para o primeiro grau. Eu sempre lecionei para colegial e acho muito simples. Dar aulas para os mais novos, ainda mais nos dias atuais, é uma aventura. Os alunos antigamente nos respeitavam. Mas a rebeldia de hoje é de certa maneira compreensível. Estamos em outra época, com outra cultura.

OD – Hoje, a tecnologia com televisores, computadores, Internet e tudo mais, auxiliam a Educação?

ET – Por um lado sim, já que se trata de uma maneira de desenvolver a habilidade e inteligência. Por outro lado, esse grande número de atrações, mais videogame e shopping center, conseguem prender a atenção dos jovens. Meus próprios netos ficam horas diante da televisão. Antigamente, as pessoas ocupavam seu tempo lendo mais. Hoje, ninguém mais gosta. Eu própria li muito, desde criança – José de Alencar, Machado de Assis, Érico Veríssimo. Possuo a coleção completa de Jorge Amado, além de livros de escritores famosos, como Racine e Victor Hugo. Agora há pouco comprei um livro de Fernando Henrique Cardoso. Mas o que leio no momento, e pela segunda vez, é Rayuela, do escritor espanhol Júlio Cortaza.

OD – O futuro dessa geração, no que se relaciona a aspectos culturais, a preocupa?

ET – A cultura é imprescindível, e conquistada através de muito estudo e leitura. Quando essa relação não existe e o afastamento irrompe, as pessoas ficam mais vazias e sem assunto.

OD – Neste âmbito, que outros aspectos a atraem?

ET – Gosto muito de música. Os nossos compositores são muito bons. Aprecio música clássica e, inclusive, estudei piano durante muitos anos. Era tradição à época as moças aprenderem piano e francês. Meu primeiro piano foi comprado pelo meu pai, ainda quando eu era criança, na cidade de Campinas?

OD – Quais as diferenças, observadas pela senhora, entre a didática atual e de sua época?

ET – Não vejo muitas alterações neste aspectos. O que mais mudou foram as escolas. Criaram-se inúmeras delas, e novos equipamentos foram incorporados. Hoje também há uma certa hierarquia a ser cumprida (inspetores, delegados), mas tudo prioriza a ordem e a organização.

OD – E quais as melhores lembranças?

ET – A amizade com os professores, o carinho e o companheirismo. Lembro com saudade dos professores Emir e Maria Tereza, ambos de português. Outro aspecto que tem me feito bastante feliz é a homenagem que estão tentando prestar ao meu marido. Seu nome é indicado para ser nome de escola. O Renato foi diretor de várias entidades de ensino, além de professor por muitos anos. Sempre se esforçou e merece essa homenagem, em que espero estar presente para conferir.

 
Entrevista dada pela Da. Elza ao jornal O Diário de Osasco Regional, publicada em 11 de novembro de 1995, na seção "Persona". O jornal publicou três fotos de Da. Elza sozinha, uma dela com o Rev. Renato Fiuza Teles, seu marido, e outra do casal com seus três filhos.

Neste site há uma biografia do Rev. Renato Fiuza Teles, com um pequeno adendo pela Da. Elza.

           
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