República dos 200!

O título é inspirado no livro de Menoti Del Pichia: "República 3.000". O conteúdo também. A única diferença é, caro leitor, que aqui, não procurarei levá-lo para um futuro remoto, onde há uma civilização ultra moderna. Não. Quero apenas que venha comigo para a nossa pequena cidade, ou nossa pequena república. Rodemos a borboleta. Penetremos os diversos compartimentos e enquanto você aprecia nossas modestas instalações, esforçarei para dar-lhe uma idéia da nossa organização.

Isso aqui iniciou anos atrás com uma finalidade que você certamente conhece. Se não conhece vai um resumo: Seminário menor. Essa casinha aí, tôda coberta de trepadeira é a biblioteca. Mas vamos ao assunto. A república é uma coesão de duzentos e poucos cidadãos. Todos os anos o número engrossa apesar de muitos cidadãos saírem saudosos da república por terem terminado seus estudos.

Cada cidadão que roda a borboleta é uma nova molécula que integra o bloco. Torna-se partidário dos segredos da república. Às vezes, se esmorece, desintegra-se e não termina sua temporada na república.

O sistema do govêrno e ditatorial e você vai achar que isso contradiz o título. Vou me esforçar para mostrar que não há contradição. O presidente que é eleito por um conselho de grandes, é sempre o tipo de pessoa que os cidadãos da república elegeriam se isso lhes competissem. Cabe a um conselho composto de todos os professôres a legislação sôbre o regimento da república. Uma vez que a lei é promulgada pela Câmara, o presidente lança mão dela e age dentro dela.

As leis são feitas para ajudar ao cidadão. Há nelas um esfôrço para atingir a perfeição da máquina administrativa. O cidadão manuelino só sofrerá a pressão da lei, se procurar erguer-se mais alto que ela. Em geral a lei agrada a todos. Se não, esforçam-se para concordar com o de que não gostam. Aprendem a ser democratas.

O presidente atual é enérgico. Mas sua energia é no sentido de gerar o bem. E’ comum vê-lo de botas, metido no mato a planejar a cêrca para prender meia dúzia de vacas que comprou. Ùltimamente, está empenhado na arborização da cidade. No gabinete, dá audiência a todos. Ausculta-lhes as necessidades com amor e se não tem uma solução, tem paciência. E’ comum um grupo de estudantes estarem conversando sôbre vaidades da vida e ouvirem um toque na porta. E’ o presidente que está aí. Entra. Impõe respeito mas não se esforça para deixar transparecer sua autoridade. Estica-se, na cama. Conta algumas anedotas. Não há quem não aprecie o gesto tão simples dessa grande autoridade. O disco porém pode virar completamente, se as coisas não correm bem. O cidadão insubordinado pode ser convidado a não voltar no próximo semestre.

O cidadão aqui cresce espiritual, intelectual e até fisicamente se é que veio pequeno. Há grêmios que proporcionam oportunidade para tudo isso. Há brincadeiras para ajudar a vida social.

Existe um conselho dos cidadãos subordinado ao conselho dos superiores. Qualquer irregularidade ou queixa que o cidadão tenha, é ouvida pela câmara cujo representante apura o caso e conforme a gravidade da falta encaminha o processo para o supremo tribunal, a última opinião sôbre o assunto.

A república dispõe de uma boa área de terra. Atravessando aquela ponte, ali embaixo, você se encontrará do outro lado. Ali vivem as principais autoridades, como o presidente e o vice-presidente. Aquela grande do centro é onde vivem as cidadãs da república para dar mais alegria ao ambiente.

O presidente atual, Rev. Wilson, grande realizador, sonha com melhores instalações. Quando você vier em outra ocasião, teremos o prazer de mostrar-lhe uma piscina, um auditório e que mais? O futuro nos dirá e até ao futuro,

Adeus!

Benjamim Alves Ferreira
(cidadão da república manuelina)
II ano clássico

 
           
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