Religiosidade
Pois o mesmo sucederia ao mundo se êste não tivesse a religião a nortear a sua vida, a indicar-lhe a vereda dos seus deveres cívicos, morais e comunicativos, a educá-lo, orientá-lo para a feitura do bem e da virtude. Sem religiosidade, como estabelecer entre as nações e o respeito que cada um deve a si próprio e ao seu próximo? Como colocar no homem, êste sêr perverso, sentimentos de carinho, estima, proteção e amparo? A religião e simultaneamente o arado que implanta no coração humano fundos sulcos e o cultivador que aí semeia as sementes das generosidades, do amor das dedicações, dos heroismos. Porque heroismo? Porque há também heroismo na vida religiosa, como o demonstra com extraordinário número de mártires que pela religião deram seu sangue, assinalando-se imorredouramente nas páginas da humanidade cristã. Dêste número entretanto, a história brilhante da religião guarda seus nomes no seio, celebra-os com respeito e entusiasmo. Mas, também há outros desconhecidos, os que a religião de Cristo, a mais bela, a que melhor se coaduna com os sentimentos radicais que ela deve inspirar, votam a sua saúde, a sua vida, sem perceber, à merecida glória para os seus nomes, para os seus sacrifícios. São êles os missionários, os pioneiros da fé, que se distribuem pelas adustas plagas africanas, asiáticas, do gigante Brasil, a pregar a virtude, o bem, a honra, o amor e a piedade, a obediência dos filhos para com os pais; dos irmãos para com irmãos, numa palavra sã e cheia de pureza, que é a divina, boas novas de melhoramentos, edificar sociedades cultas, marcar uma nova direção no mundo das trevas onde reina o obscurantismo e hórridos pavores de fereza e selvageria. Há, portanto, necessidade de religião neste universo tão denso de pecado aniquilador e desesperador de almas. A religião é êste evangelho anunciado por João Batista que hoje está sendo pregado a todos os povos, o que é preciso à vida da sociedade; o que é necessário às constituições herméticas e é imprescindível para todos que gemem, que se desesperam, porque êle lhes presta alívio às dôres e transmuda seu desespêro em esperança. Por mais inepto que seja o mínimo ser humano, se for sincero, tem de confessar a necessidade de religião. João V.
Galvão |