Intriga mesmo termos de reconhecer que a ciência eleva-se aos píncaros alcandorados de uma gloria verdadeira e, ao mesmo tempo, o homem, que vive nesses dias de luz e deslumbramento, descrença a cada momento. Intriga, mas é a verdade. Pode ser que os sonhadôres vejam essa dura realidade por prisma diferente. Mas já se foi a época em que se podia viver cantando, poesias, melódias, que a vida é uma rosea ilusão... Hoje, o que se exige, o que se impõe é a apreciação do fato que se apresenta deante dos nosso olhos e o encará-lo na sua muda rudesa... Não vamos dizer que a vida seja má. Isso não representaria a verdade. A vida é bôa, para não avançarmos na afirmativa de que é ela excelente. Não lhe sabe bem a culpa dos males que lhe tem sido impostos. Uma linda paisagem, da natureza, sempre cheia de explendôr, pode ser ofuscada e tornar-se abismante, sem que se lhe possa arremeter a causa da tristura que lhe tira toda a magestade e todo primôr. E assim com a vida. Motivos que lhe não são increntes há que, todavia, a transformam e pavôr e infelicidade. Não que ela seja isso, porém. Tentemos descobrir as razões do fracasso na vida humana. Uma simples observação levar-nos-á a encontrar os porquês desses fracassos e, conhecida a causa, estaremos habilitados, talvez, a tomar partido melhor a nosso favôr. O primeiro motivo, a nosso ver, é o predominio do eu, tão natural ao nosso coração. O egocentrismo é molestia perigosa, capaz de derriblar mesmo que seja um edificio sólido como o é o da sociedade humana. Se o homem fôra feito só para pensar em si mesmo, circunscrever-se ao seu proprio eu, naturalmente. Deus lhe não teria dado uma companheira nem o teria feito responsável pela perpetuidade da especie. O interesse da vida não alcança só o individuo. Vai ao semelhante, atinge o próximo. Quebrada esta lei, violado este princípio, fatalmente virá a desordem aos sistema social nosso. E é precisamente isto o que estamos encontrando pelo nosso caminho. Outro motivo, ao nosso ver, é a insaciabilidade que nos devóra. Aquele sentimento tão belo e tão maravilhoso, decantado por São Paulo, o sábio, o filósofo, o crente que jaça, aquele sentimento que lhe empolgára a vida toda, sentimento que o levava a contentar-se com qualquer situação que lhe ocorressé, é avis rara no viver dos nossos tempos. Há uma preocupação constante, da nossa parte, com os problemas da vida e de tal maneira os dificultamos que os deixamos a todos sem solução alguma. Vai assim pelo mundo afóra... Ora, esse eterno nunca contentar das nossas eternas ambições, mui naturalmente, conduz á condição que caracteriza os nossos dias. Outro fator do fracasso, parece-nos a nós, é o esquecimento de nossa dependência de Deus. Pensando só em nós mesmos, preocupados só com o que poderia concorrer para a nossa só felicidade pessoal, embora prejudicados os interesses alheios, não procuramos atender os clamôres vivos da nossalma, alienamo-nos da verdade fundamental de que há um Supremo Governadôr de todas as coisas e de que sem a obediência á sua vontade nada poderemos obter e, consequentemente, nos tornamos como aquele cégo, de quem falava Jesus na sua parábola, o qual, sendo guiado por outro cégo, infalivelmente, iria cair na primeira vala que deparasse pela estrada a dentro. De certo, há outros motivos. Mas êsses são os mais fortes e os mais temíveis. E no dia que o homem quizer acertar, realmente, aceitar e vencer, evitar o fracasso, sob cuja ameaça tem sempre vivido, nada mais lhe resta fazer senão fugir desses três ocasionadôres de todas as desditas o egoísmo, a incontentabilidade do seu coração e o alienamento de Deus! Rev. Joel de Melo Miranda |