Oscar Chaves - Biografia (*)

O Rev. Oscar Chaves nasceu em Patrocínio, Minas Gerais, em 11 de Outubro de 1912, filho de Carlos Gonçalves Chaves e Alvina Jacintha de Oliveira Chaves.

Nasceu em lar católico e cresceu como católico sincero, indo à igreja todos os domingos, acompanhando todas as procissões, especialmente as da Semana Santa. Quando ainda mocinho fez parte da Conferência de São Vicente de Paula, que naquele tempo só tinha pessoas de idade. Mais tarde, quando jovem, começou a estudar o espiritismo de Kardec e se tornou um católico-espírita. Freqüentou muitas sessões espíritas com sua mãe. Depois foi convidado para os cultos protestantes (crentes), tendo aceito vários convites.

Começou a ler livros de polêmicas do pastor Presbiteriano Rev. Álvaro Reis com espíritas (Cartas a um Doutor Espírita) e abandonou as idéias espíritas. Depois devorou livros de controvérsias com padres católicos, escritos por diversos autores presbiterianos.

O que mais o esclareceu e o entusiasmou foi Mimetismo Católico, discussão entre o Rev. Álvaro Reis e o Dr. Carlos de Laet, grande líder católico. Chegou a ler esse livro oito vezes! Mas ainda não era "crente" e tinha vergonha de entrar na Igreja Evangélica. Só no final de 1932 veio a se converter. Para que isso acontecesse, teve que ir para uma outra cidade, Patos de Minas, onde ficou cinco meses lecionando num pequeno colégio. (**)

Em Patos se firmou no Evangelho e, voltando para Patrocínio em Dezembro de 1932, fez, no dia 1º de Janeiro de 1933, sua profissão de fé na Igreja Presbiteriana, com o Rev. Dr. Eduardo Lane. Em Fevereiro, um mês depois de professar, já fez sua primeira pregação no púlpito daquela igreja, a convite do pastor. Nessa data, 1/2/1933, o texto de seu primeiro sermão foi o do Evangelho Segundo João, cap. 5, vers. 40: "E não quereis vir a mim para terdes vida."

Naquele mesmo ano desejou ir estudar para o ministério em São Paulo. Seu pastor, Dr. Lane, viu, porém, que ele estava muito "verde" e o fez esperar um ano. Em Fevereiro de 1934 foi para o Curso Universitário "José Manuel da Conceição", em Jandira, onde estudou cinco anos (quando foi para o JMC já tinha o 3º Ginasial). Lá se formou em 1938, indo então para o Seminário de Campinas, onde concluiu o curso teológico em 1941. (Dois poemas de Oscar Chaves, escritos quando ainda no JMC, estão neste site).

Foi licenciado pregador do Evangelho em 26 de Janeiro de 1942 (segunda-feira), pelo então Presbitério de São Paulo, na Congregação Presbiterial "Betânia", em Pinheiros, sob o pastorado do Rev. Avelino Boamorte. Seu sermão de prova versou sobre João 18:36: "O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos para que eu não fosse entregue aos Judeus. Mas agora o meu reino não é daqui".

Licenciado, foi enviado para a cidade de Paracatu, MG, para trabalhar com a West Brazil Mission, sendo o primeiro obreiro a residir naquela antiga cidade mineira.

De Paracatu veio para Campinas, em Julho de 1942, para se casar, no dia 3, com Edith de Campos, com quem ficou casado até o fim de sua vida. Da. Edith foi com o Rev. Oscar para Paracatu, quando ele para lá voltou, depois das núpcias.

No fim de 1942 o Rev. Oscar foi convidado para ser missionário da Junta de Missões Nacionais e, aceitando o convite, foi ordenado para o ministério pelo Presbitério de São Paulo, no dia 31 de Janeiro de 1943 (domingo, à noite), no templo da Igreja Cristã Reformada da Lapa, em São Paulo. Com ele foram ordenados Wilson de Castro Ferreira e Domício Pereira de Matos. Estavam presentes no culto os Revs. William Kerr, Avelino Boamorte, Mario Cerqueira Leite, Amantino Vassão, Miguel Rizzo (orador), Paulo Pernassetti, Júlio C. Nogueira, Jorge César Mota e o pastor da Igreja Cristã Reformada. Oficiaram como ministros assistentes os Revs. Zaqueu de Melo (que era irmão de uma cunhada do Rev. Oscar, Da. Maria de Melo Chaves, autora de um livro sobre o Protestantismo brasileiro, Bandeirantes da Fé, traduzido para o francês como Pionniers de la Foi) e Moisés Aguiar. Seu sermão de ordenação versou sobre Filipenses 1:21: "Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é ganho". A primeira parte desse versículo é, em grego, o moto do Instituto JMC: "'emoì gàr tò zên Christós".

Ordenado, foi então enviado para Lucélia, na Alta Paulista, onde fundou o trabalho presbiteriano, que nasceu em sua casa, na sala de visitas. Ficou ali dois anos deixando um terreno comprado, um grande salão construído e uma Escola Dominical com 127 alunos. Em Lucélia nasceu, em Setembro de 1943, seu primogênito, Eduardo Oscar [WebMaster deste site].

De Lucélia foi enviado para Irati, no sul de Paraná (entre Ponta Grossa e Guarapuava), onde ficou um ano, pois o trabalho era realizado entre luteranos, o que não era um campo propício para a Junta.

Dali foi enviado ao norte do Paraná, para onde, naquela época, afluíam famílias de toda a parte. Em Marialva foi residir em uma casa de madeira, inacabada, pois era tremenda a escassez de moradias, devido ao alto número de famílias que chegavam todos os dias. Em Marialva já havia uma pequena Escola Dominical num pequenino salão de madeira, que era visitada pelo Rev. Wilson Lício, então pastor em Arapongas. Foi comprado um harmônio, um terreno e construído um grande templo de madeira. Em três anos havia uma Escola Dominical com 173 alunos e um imponente coral com quase trinta coristas, com todos os coristas de uniforme (herança do JMC) -- algo que revolucionou aquela pequenina cidade que, naquela época, era uma cidade estilo "velho Oeste", com cenas de "bang-bang" na rua. Ali recebeu mais de 60 novos membros, a maioria vinda do romanismo e do espiritismo. O Rev. José Carlos Nogueira, quando visitou aquele campo, disse que Marialva era a "Antioquia do Paraná".

Em Dezembro de 1946, durante seu ministério em Marialva nasceu, em Campinas, SP, seu segundo filho, Flávio, que é hoje Presbítero da Igreja Presbiteriana "Maranatha", de Santo André, SP.

Depois de três anos, formado o trabalho em Marialva, deslocou-se para Maringá, para abrir ali o trabalho presbiteriano, pois a cidade, oficialmente criada em 1947, devia se tornar, como de fato se tornou, a mais importante cidade ao oeste de Londrina. Alugou uma casa com um salão comercial na frente e, no salão, começou uma Escola Dominical com 18 alunos. Não havia luz elétrica, água encanada, calçamento. Ali teve um campo que, quando de sua saída, no início de 1952, se desdobrou em quatro outros. De jardineira da Viação Garcia visitava Marialva, Mandaguari, Jandaia do Sul, Pirapó, Taquarussu, Peaberu, Campo Mourão, Paranavaí, Capelinha e outros lugarejos.

Depois de três anos em Maringá, veio para São Paulo, deixando lá dois bons lotes de terreno comprados, onde depois foi construído o atual templo, e uma Escola Dominical com 137 alunos.

A convite do Presbitério de São Paulo, assumiu, a partir de Março de 1952, a Igreja de Santo André, -- igreja recém organizada (o fora em 1951), com poucos recursos humanos e financeiros. A Escola Dominical, quando tinha 60 pessoas, estava animadíssima. O pequeno salão de cultos, construído na Rua 11 de Junho, 878, onde está hoje o Edifício de Educação Religiosa, poucas vezes se enchia. O campo era formado pela igreja de Santo André e as congregações de São Bernardo do Campo e do Parque das Nações, bairro de Santo André.

Em 1982 (quando foram preparadas estas notas biográficas, para comemorar os 40 anos de ordenação do Rev. Oscar), Santo André tinha uma Escola Dominical com 580 alunos, a igreja tinha 600 membros adultos e um Conjunto Coral de 90 vozes. A Igreja de Santo André tinha, em 1982, cinco filhas já emancipadas e organizadas: as Igrejas de São Bernardo do Campo, Parque das Nações, Utinga (também bairro de Santo André), Mauá e Ribeirão Pires, além de congregações em Jardim das Monções, Cidade São Jorge, e Vila Suiça, todas em Santo André. A Igreja de Santo André já tinha (também em 1982) uma "neta", a Igreja de Santo Alberto, criada pela Igreja do Parque das Nações.

Em outubro de 1976, depois de pastorear a igreja de Santo André por 24 anos, foi reeleito pastor com 99,1% dos votos da Assembléia Geral da igreja.

Em Santo André nasceram suas duas filhas, Priscila, em Março de 1957, e Eliane, em Janeiro de 1959. Ambas continuam a residir em Santo André.

O Rev. Oscar foi Presidente dos Presbitérios Paulistano e da Borda do Campo, tendo sido também Tesoureiro deste e do Sínodo que o congregava (Sínodo Santos-Borda do Campo). Foi Presidente da Junta de Missões Nacionais da Igreja Presbiteriana do Brasil e membro da Comissão de Evangelização Presbiteriana. Visitou uma vez os Estados Unidos, a convite do Concílio Internacional de Igrejas Cristãs (presidido pelo arqui-conservador Rev. Carl MacIntyre), para assistir, como observador, a uma de suas grandes reuniões, em Atlantic City, New Jersey.

O Rev. Oscar foi convidado para ocupar vários cargos na administração da Igreja Presbiteriana do Brasil, e mesmo para ser professor de sua alma mater, o Seminário de Campinas. Entretanto, sempre declinou dos convites, preferindo o trabalho na igreja local.

O Rev. Oscar fez diversos trabalhos de evangelização pelo rádio, em duas emissoras de Santo André. Pregou em mais de cem cidades de 13 Estados brasileiros. Foi reeleito diversas vezes pastor da Igreja Presbiteriana de Santo André. (***)

Em 1982 o Rev. Oscar completou 70 anos e foi jubilado. Permaneceu, entretanto, ajudando na Igreja, que passou a ser pastoreada pelo até então pastor auxiliar, Rev. Evandro Luiz da Silva.

Em um desses lamentáveis acontecimentos a que nem as pessoas mais bem intencionadas estão imunes, o Rev. Oscar e o Rev. Evandro Luiz da Silva se desentenderam a tal ponto que, em 1986, o Rev. Oscar e um grupo de membros da Igreja Presbiteriana de Santo André deixaram a igreja e formaram uma congregação que eventualmente se tornou a Segunda Igreja Presbiteriana de Santo André, hoje chamada Igreja Presbiteriana Maranatha de Santo André. Ali os membros que acompanharam o Rev. Oscar o declararam Pastor Emérito – corrigindo o que só pode ser qualificado de uma indelicadeza cometida pela Igreja que ele pastoreou durante mais de 30 anos, que não havia tomado a iniciativa de assim honrá-lo. A Igreja Presbiteriana Maranatha tem hoje (1997) prédio próprio onde funcionam o tempo e as instalações de Educação Religiosa.

O Rev. Oscar, além de dedicado pastor e excelente homem de púlpito, era poeta e músico. Escreveu várias poesias e inúmeras letras de hino, tendo também composto a melodia de alguns. Tocava vários instrumentos, todos eles de ouvido: órgão (inclusive elétrico), piano, acordeon, flauta transversal, flauta doce, gaita, violão, cavaquinho, bandolim, e até mesmo serrote. Era bom pintor de telas de aquarela e guache – embora quase todas elas, e suas gravuras a lápis, exibissem o mesmo tema bucólico e campestre, pleno de por-de-sóis, montanhas, e lagos com pequenos barcos a vela.

O Rev. Oscar faleceu em 5/3/91, no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, vitimado por câncer na próstata. Morreu um ano antes de poder comemorar o Jubileu de Ouro de sua ordenação e as suas Bodas de Ouro com Da. Edith de Campos Chaves.

O Rev. Oscar deixou, ao falecer, além da esposa e seus quatro filhos, seis netos: Andrea e Patrícia (filhas de Eduardo Oscar), Flávio Filho e César (filhos de Flávio), e Vítor e Diogo (filhos de Eliane).

(*)

Estas notas, exceto onde assinalado, são basicamente autobiográficas, retiradas que foram de resumo dos principais fatos de sua vida preparados pelo próprio Rev. Oscar Chaves e destinados a uma publicação feita pela Igreja Presbiteriana de Santo André, quando comemorou 40 anos de ordenação ao ministério em 1982. Alguns fatos foram acrescentados ao relato biográfico com base em outras anotações do Rev. Oscar Chaves, feitas em sua primeira Bíblia, ganha do Rev. Eduardo Lane como presente de Natal no ano de 1932.

(**)

[Nota do Web Master] Com data de 28 de fevereiro de 1931, quando ele tinha, portanto, 18 anos, Oscar Chaves transcreveu, em um caderno de capa dura, e em caprichada letra de imprensa, 39 páginas de um trecho sobre a "A Matança dos Protestantes, em Paris, no dia 24 de Agosto de 1572, Domingo, Dia de São Bartolomeu", retirado do romance histórico de Michel Zevaco chamado "Epopéa d’Amor". Depois de transcrever, escreveu, de próprio punho:

"Não nos admira nada que tal coisa acontecesse, porque isso é o cumprimento da prophecia do Apocalypse, que, referindo-se à Egreja Romana (que mais tarde havia de apostatar), disse: ‘E não luzirá mais em ti a luz das lâmpadas, nem se ouvirá mais em ti a voz do esposo e da esposa, porque os teus mercadores eram príncipes da terra, porque nos teus ensinamentos erraram todas as gentes. E nella (na Egreja) foi achado o sangue dos prophetas, dos santos, e de todos os que foram mortos sobre a terra’ (Apocalypse 18:23,24). ‘E a mulher (a Egreja Romana) estava vestida de púrpura e de escarlata, adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas . . . e na sua fronte estava escripto este nome: Mistério! Babilônia, a Grande, a mãe da fornicação e das abominações da Terra. E a mulher achava-se embriagada com o sangue dos santos e das testemunhas de Jesus’ (Apocalypse 17:4,5,6).

O castigo dessa egreja apóstata será grande, e, por isso, a todos dirige o Senhor este apêllo: ‘Sahi della, povo meu, para não serdes participantes dos seus delictos, e para não serdes comprehendidos nas suas pragas. Porque os seus peccados chegaram até os céus, e o Senhor se lembrou das suas iniqüidades’. (Apocalypse 18:4,5)."

Fim da citação. Só 22 meses depois Oscar Chaves iria formalmente abraçar a Igreja Presbiteriana. Mas sua convicção acerca da Igreja Romana estava firmada bem antes disso, como demonstra não só a citação, mas o esforço necessário para transcrever a mão, em letra de imprensa, 39 páginas de um texto vibrante de denúncia das atrocidades cometidas pelos Católicos contra os Protestantes (Huguenotes) naquele Domingo de São Bartolomeu em Paris, no ano de 1572.

(***) A partir daqui, acréscimo pela mão do Web Master, filho do Rev. Oscar Chaves.

           
[Apresentação] [História] [Vinhetas] [Eventos] [Livro de Ouro] [Menu]
[O Padre José] [Símbolos] [Boletins] [Informações] [Diretoria] [Este Web Site]