- Segundo Ato
Coro Masculino:
Que faremos? Pois ouvimos
Que haverá mudanças mil.
No começo nós sorrimos,
Mas o plano é mesmo vil!
1º aluno:
1.
É demais! É sacrilégio,
Elevemos nossa voz!
Pois os mestres do colégio
São do contra, contra nós!
Vêm de manso, instigando,
Ajeitando a opinião,
E sugerem cada idéia
Que revira o Conceição.
2.
Concordino é o presidente
Deste corpo estudantil,
Mas não é tão inocente,
Pois concorda neste ardil.
Diz que busca só melhora
Com programa novo aqui,
Diferente dos de fora
É colégio de Saci!
2º aluno:
1.
Pois é lástima! Coisa fúnebre
Que o intérprete vê o espírito
Duma úlcera muito cáustica
Bem no âmago desta década.
Se há música muito lírica
Nos vocábulos destes médicos,
É catástrofe dar-lhes crédito,
O diagnóstico que é bem válido!
2.
Não é lícito dar ao público,
Sim, é úlcera da mais tétrica
O espetáculo desta mácula.
Sem equívoco, fico pálido!
Mesmo anêmico no meu íntimo
O prognóstico é tão lúgubre.
Quanto é ácido ver o júbilo
Destes clérigos tão anômalos!
3.
A arte gráfica desta métrica
É dar cláusulas aos parágrafos,
Destas últimas mil apóstrofes
De um sarcástico e franco crítico,
Pois a sátira deste opúsculo
É que o frêmito de uma cátedra
Faz o gênesis só de um êxodo,
Este êxodo vai ser rápido.
4.
Vai ser êxodo acadêmico,
Um capítulo muito histórico,
Pois o êxito dos intrépidos
Não tem máscara, age indômito.
A homilética operática
É estatística da retórica,
Isto é símbolo tão bombástico ,
Pela lógica de um discípulo.
Coro:
Nós ficamos aturdidos,
Revoltados contra o ardil.
É façanha do demônio,
Dominando até o Brasil.
Aluno:
Meus conterrâneos do J. M. C.
Ouçam le mots que je tiens à vous dire,
Vós compreendais que je suis eduqué
Falo aos iguais, o outro lá que se vire.
Mes bons amis, la difficulté
É que lécole já era tão bonné,
Et je ne pense pas entendre como é
Que este transtorno atrapalhe esta zonné.
Nós revoltamo-nos pois, afinal,
Os candidatos do bom Ministério
Querem apprendre falar contra o mal.
Assim vos falo, lutai no Evangelho...
Discurso do Mudinho:
[Só gestos].
Coro:
Se nós uma vez consentirmos
Que haja mudanças mundanas,
Será necessário servirmos
Ao mestre do fogo e das chamas!
O Jota do nome e das glórias
Seria uma lenda de fadas,
Talvez só ficassem histórias
De todas as causas amadas:
O culto que nunca matamos
Seria lembrança remota,
E as notas que sempre cavamos
Não mais caberiam no Jota!
Aluno:
Que vamos fazer, estudantes,
Em face do porvir?
A crise está periclitante,
Devemos agir!
Pois este comício que temos
Não é só sabão.
A reclamação que fazemos
Exige ação!
Aluno:
Então, que faremos?
Devemos agir!
Então, que faremos?
É mister decidir:
Linchar Concordino?
Expulsar nossos mestres?
Talvez, transferir.
Coro:
Transferir, transferir, transferir...
Aluno:
Do Jota nós vamos sair,
Agora devemos partir,
Deixamos saudades, assim,
Mas hoje chegamos ao fim!
Profa. Dasbelas:
Que é isto? Vejo a bulha.
Uai, parece que está fula
Toda a turma dos discente,
Nós devemos ser prudentes!
Prof. Endia:
Não adiante, pois, colega,
Esta gente é mesmo cega.
Quando o aluno é resolvido,
Não se muda, é decidido!
Profa. Dasbelas e Prof. Petrarca:
Cá só falta deão Ferrolho
Se não estiver de molho,
Ele logo aparece,
Prá dar pena a quem merece.
Deão:
Que é isto? Feriado?
Coro de Professores:
Que é isto? Vejo a bulha!
Deão:
Vou ficar zangado!
Coro de Professores:
Uai, parece que está fula
Toda a turma dos discentes.
Deão:
You are bad boys! To be here!
Coro de Professores:
Nós devemos ser prudentes.
Deão:
Podem ao estudo ir!
Coro de Professores:
Não adiantam mais as falas,
Vamos arrumar as malas
Que o aluno é resolvido,
Não se muda, é decidido!
Coro de Alunos:
Transferir, transferir, transferir....
Coro de Professores:
Não adiantam mais as falas
Vamos arrumar as malas
Que o aluno é resolvido,
Não se muda, é decidido!
Fim do Segundo Ato
Página Inicial da Opereta
Primeiro Ato
Terceiro Ato |