"Jota"
O sino de prata toca ligeiro, suas notas vão ecoando pelo arredor. É hora de dormir. Não tenho sono. Se pudesse ficaria aqui a noite inteira. Então começo a lembrar saudosa do tempo em que entrei aqui. As primeiras esperanças e experiências. Embora muita gente fale que não, digo porém que no "Jota" aprendi a viver. A saber o que realmente é o nome de crente. No "Jota" descobri o valor da sabedoria, aprendi a ver o que significa realmente Felicidade. De manhã o sino retine violentamente pelo corredor. Levantamo-nos. Mas levantando as meninas, começa a vida, começa a alegria. Depois o sinal do café e logo após, as aulas. Saímos , umas correndo, outras esquecendo os livros e voltando a correr para buscá-los. Há muita balburdia, há muita carreira. Depois tudo fica quieto, tudo em silêncio. Então a vida começa do outro lado. As aulas dos professôres, as sabatinas, etc... Logo após o almoço, as escadas, e há estudinho e jantar. Quando voltamos do refeitório, á tarde, ficamos (a maior parte) na sala ouvindo tocar piano na penumbra. Pelo teclado branco mãos experientes dedilham nervosas soltando notas que vão diluir-se no ar. Então, recordamos saudosas os nossos entes queridos. Uns longe, outros que estão apenas do outro lado... Porém, observo o jordãozinho que corre alegre durante o dia, mas que agora está manso e quieto. Parece poesia da natureza em derredor. O ar está tão puro que se assemelha ao ar da serra. Êle lembra as cascatas espumantes as parasitas, pedras cobertas de limo, lembra as fôlhas mortas do outono ao amanhecer. O trem apita ao longe, parece aviso saudoso de que está para chegar. Isto me desperta e vejo que alguém vem ao meu quarto. É D. Maria, a Diretora. Fecho ràpidamente e vou deitar-me porque vocês já devem saber o que vai acontecer, não é? É assim o Jota... Sandra |
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