Júlio de Andrade Ferreira

Júlio Andrade Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, em Comemoração ao Seu Primeiro Centenário, 2º Volume, Casa Editora Presbiteriana, São Paulo, SP, 1960, Cap. CLX, pp.197-199:

O Rev. William Waddell estava às portas da aposentadoria no Mackenzie. Seu espírito organizador não poderia conformar-se com a inatividade. Por outro lado a luta em prol do Seminário Unido ia acesa. Fundar uma nova escola teria não apenas a vantagem de tomar-lhe o tempo, como também ode prover alunos para o Seminário do Rio.

O alvo inicial da instituição que Waddell dirigia fôra, afinal, o de servir a Igreja Evangélica e em especial a Igreja Presbiteriana. Um bom modo de aliar os vários interesses seria o uso da fazenda em Jandira, que os futuros engenheiros visitavam apenas três semanas por ano. Ora, Waddell nunca se conformava com a formação de cursos tais como os organizados oficialmente no Brasil. Como julgasse que o "ensino comum", isto é, sem diferenciações, devesse ir até apenas o terceiro ginasial (num tempo em que o ginásio contava seis anos), desejava ele tomar o aluno a esse altura para cuidar já de certa especialização, com vistas à formação ministerial. O "Curso Universitário José Manuel da Conceição", cujo nome homenagearia um grande vulto do passado da Igreja, seria uma espécie de pré-teológico. E mais: sendo estruturado em bases administrativas modestas e rigorosas, daria oportunidade a muitos alunos pobres, os quais de outra maneira ficariam privados de tão alviçareira oportunidade.

O que Waddell pensou foi servir. O JMC seria uma obra de cooperação. Dada a influência desse líder junto ao Board de Nova York, obteve a colaboração franca das missões que lhe eram subordinadas. A Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana acolheu a idéia e aprovou o plano na reunião havida em Paraíso (1926).

A Igreja Presbiteriana Independente e a Episcopal Brasileira tinham aderido também. Esperava-se que as aulas se abrissem em 1927.

Não foi possível. Só a 8 de fevereiro de 1928, com 12 alunos, uma espécie de 12 apóstolos, abriram-se elas. Desses doze, cinco atingiram a formatura já no ano seguinte, 1929. Os outros só sairiam em 1932. Foi esta a turma, no que diz respeito aos presbiterianos, que primeiro veio ao Seminário de Campinas e se integrou à classe da qual fazia parte o autor deste histórico. Nessa época já havia 44 moços e 5 moças no JMC.

O próprio Ver. Waddell e o Dr. C. R. Harper, que a missão recolhera do campo matogrossense, puseram-se a ensinar com afinco. Outros o auxiliaram: Mrs. Harper, na música; Temudo Lessa e Grotthouse (M. P.), em várias disciplinas. Vários alunos adiantados foram tomados como auxiliares.

Não se comia bem; eram os próprios alunos que cozinhavam. Nem eram as acomodações, de uma casa baixa e comprida, das mais cômodas. Mas o Dr. Waddell teve sempre grande prestígio para apaziguar os descontentes e quase sempre eram os mesmos elementos que agradeciam a "chance" que então se lhes abrira. Afinal, era uma porta aberta ao Seminário!

Seminário Unido, pensavam os organizadores; Seminário de Campinas, disseram os fatos. Isso veremos em outro capítulo.

Dª. Evelina Harper organizou a "Caravana Universitária do Curso JMC". A primeira delas saiu em 1931. Uma fotografia da mesma nô-la apresenta um conjunto de rapazinhos quase ainda imberbes: João Euclydes, Francisco Alves, Firmino Barreto, Jorge Campelo, Edgar Regis, Rui Gutierres. Apenas Regis é falecido. Os demais nós os conhecemos; só não têm o mesmo viço da juventude. Cremos que a Caravana desempenhou sempre papel importante na vida da instituição.

Cantores e pregadores têm sido formados nessa escola, muitos dos que me lêem, e que serviram de apresentação da escola perante as famílias evangélicas. E assim, tem-se cumprido a missão inicial do JMC — "dar preparo secundário a alunos de ambos os sexos, maiores de dezesseis anos, que não tiveram oportunidade de cursar ginásios oficiais". Tem cumprido também outras funções, como a de selecionar candidatos ao ministério.

Certo que outros seminários, o Independente, por exemplo, tem-se valido do JMC — nenhum, porém, tanto como o de Campinas. Lavras, Castro, Jequitibá e outros celeiros de candidatos foram de muito, e de há muito, superados pelo JMC. Em 1948, em uma turma de cinco do Independente, quatro do JMC. Nem sempre a proporção é tão grande, mas nunca deixou de ser apreciável.

Melhoramentos têm sido feitos: motor elétrico, ponte, passeios, rede telefônica, o próprio "campus". E os prédios? Os modestos casebres iniciais vão desaparecendo, como já desapareceram obreiros daqueles primórdios. O simpático Temudo Lessa e o casal Waddell. Dr. William Waddell e Dª. Laura Chamberlain Waddell desapareceram com pequeno espaço de tempo, em boa velhice, mas cercados de estima. De seus filhos, Dr. Ricardo Waddell tem se destacado como de igual têmpera e do mesmo ideal: filho de Waddell, neto de Chamberlain.

Mas voltemos ao JMC. Seria possível acompanhar convenientemente toda a sua vida já de 30 anos? Faltar-me-ia tempo para lembrar todos os obreiros que ali têm ensinado e que ali têm aprendido: quase cem pastores: Prof. João Euclydes, Dr. Henrique Maurer, Ver. Renato Fiuzza Teles, o missionário Lodwick...

Quanto aos alunos, lembro trecho do Ver. José Borges dos Santos Júnior. "Os fatos dizem tudo. Américo J. Ribeiro, Francisco Alves, Renato Fiuzza Teles, Valério Silva, Adauto Dourado, Waldyr Luz e tantos outros que entraram no ministério vindo do Curso JMC permitiram parafrasear o que disse São Paulo aos Coríntios: ‘São cartas vivas de recomendação’".

           
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