Grenfeel do Labrador

A pátria se sente feliz quando um daqueles que lhe sairam do seio lhe aumenta o valor.

Wilfredo Grenfeel nasceu em Porkgate na Inglaterra, no dia 28 de Fevereiro de 1865. Filho de Algernon Sydney Grenfeel e de dona Georgina Hutchinson.

Aos 14 anos de idade foi para Marborough a fim de iniciar seus estudos. Depois de formado em medicina pela Faculdade de Londres, e depois de estar 19 anos do Labrador, casou-se com dona Anne Elizabeth, no dia 18 de Outubro de 1909, e no Labrador criaram seus três filhos.

Dados êstes pequenos traços biográficos da vida de Grenfeel, gostaríamos de falar acerca se sua pessoa sob os seguintes aspectos:

1º - Grenfeel, o Médico

2º - Grenfeel, o Organizador

3º - Grenfeel, o Apóstolo

1º - O MÉDICO

Sua mãe era muito devota, queria muito que o filho seguisse a carreira eclesiástica, mas êle nunca se mostrou vocacionado para tal. Na escola era dos peraltas, bravo esportista e desleixado, tão cabeludo que apelidaram-no fera. Uma missão gloriosa porém estava reservada ao menino da Inglaterra.

O Labrador é a terra do gêlo, terra da necessidade, terra onde se dava e não se recebia, porque os pobres daquela região morriam de fome. Grenfell fôra despertado para estudar medicina quando um médico lhe mostrou um crânio e lhe explicou algo de sua profissão. Dois anos após esta resolução, já no 2º ano de medicina Grenfeel visitou algumas favelas na sua cidade, e daí sentiu a necessidade de cuidar dos esquimós no Labrador. Logo que se formou o seu coração palpitava de alegria pela aventura na terra gelada. Segui pois sem demora no seu navio de apenas 3 metros de comprimento, desafiando galhardamente o Atlântico.

Nesta primeira viagem o corajoso médico encontrou a capital de Terra Nova em fogo, serviu-se desta oportunidade para ser útil. Tomava os feridos e com roupas quentes do navio agasalhava-os no porão. Desde então sua vida no Labrador era uma constante corre-corre sôbre o gêlo, e êle tinha alegria nisto. Muitas foram as vêzes que caminhou a noite tôda para ver um doente com a perna quebrada, ou que disparara a espingarda e ficára sem o braço, ou às vêzes era o padre que estava a 72 léguas, atacado por terrível febre espanhola. Era êle o médico, o cirurgião dentista, e o próprio orientador dos esquimós e peles vermelhas. O trabalho era árduo, o Labrador, que está situado ao Norte dos E. Unidos, estava constantemente coberto de neve e Grenfeel tinha que enfrentar corajosamente a floresta branca ou o gêlo.

O Dr. não possuía recursos para todos os doentes, porém, os amigos da Inglaterra o ajudaram bastante. Certa feita chegou ao seu hospital uma senhora que precisava amputar a perna, mas os filhos eram tão pobres que não podiam comprar-lhe uma perna de borracha.

Nestes dias o Dr. que era episcopal, recebera de presente por intermédio de um pastor congregacional, uma perna que pertencera a um metodista falecido, e a viúva que era batista, havia mandado ao Dr. Grenfeel. Tudo se resolveu. Grenfeel era o médico essencialmente caridoso e cristão, era o homem que Deus escolheu e separou para aquela missão gloriosa.

2º - O ORGANIZADOR

O homem organizador, que tem tino administrativo é o homem capaz de vencer na vida, de progredir. Grenfeel iníciou sua obra com apenas um navio pequeno, ganhando mais tarde um outro maior. Não dispunha de recursos, a obra tinha que ser feita, e o próprio anseio de salvar outros lhe dizia – "eu sou quem vai fazer".

Nos primeiros dias Grenfeel levantou um hospital improvisado na floresta, era um barracão de madeira. Improvisou também 2 enfermeiras de boa vontade, e assim iníciou sua missão. Como organizador Grenfeel se destacou muitíssimo. Nos 43 anos que êle desgastou no Labrador, deixou-nos revelada a sua capacidade administrativa. Certa vez foram operados de catarata 2 moços no seu hospital, eram irmãos, mas muito tempo não se viam, e quando, 10 dias após a operação se viram, ficaram deslumbrados de alegria.

Para Grenfeel um aperto demão, um sorriso agradecido ou a alegria dos outros era o maior soldo, valia mais que qualquer fortuna.

Como prova do esfôrço ingente de Grenfeel temos as seguintes obras suas no Labrador: 6 hospitais, 7 postos de socorro, 2 escolas com internatos, 4 navios hospitais, 14 centros industriais, 2 orfanatos, 3 centros agrícolas, 12 centros de distribuição de roupas, além de inúmeras cooperativas etc.

Grenfeel quando menino era colecionador de borboletas, agora era colecionador de crianças desamparadas, daí a razão de seus orfanatos. Não obstante o trabalho demasiado de Grenfeel, êle escreveu cêrca de 26 livros, quasi todos a respeito do Labrador, onde ùltimamente estava o seu coração.

Sua vida foi quasi tôda gasta no serviço nobre e altamente bem dirigido pela providência Divina. No meio de tantas dificuldades, realizações quasi impossíveis a sua vida metódica e organizada o levou a ser coroado de bênçãos.

3º - O APÓSTOLO

Seria pouco falar que Grenfeel foi apenas um apóstolo, foi sim um apóstolo, mas com uma tríplice missão, pela sua grandeza de alma, pelo seu cuidado, pela sua fé no Senhor Jesus. Grenfeel à semelhança do apóstolo S. Paulo naufragou certa feita no oceano. Seus bons amigos, os cães, muitas vêzes morriam nas longas viagens sôbe o gêlo. Era êsse o único meio de transporte no Labrador, o Trenó. Uma vez Grenfeel dirigia-se para longe a fim de ver um doente, quando perdeu-se no oceano gelado, caira de uma montanha de gêlo, e a neblina tapava a visão dos cães. Êle não podia fazer senão escolher uma pedra dura de gêlo, onde pudesse esperar o amanhecer junto de seus fiéis amigos. Dois de seus cães haviam morrido; Grenfeel tomou a sua camisa e erguendo a perna de um cão morto fêz uma bandeira a fim de que fôsse visto, assim conseguiu salvar-se . O povo do Labrador era muito supersticioso, contudo excelentes cooperadores.

Grenfeel não se cansava do trabalho perigoso e fatigado. Em tudo o que êle fazia havia paz, gôzo, alegria, e inspiração Divina. Pregava intensamente a Cristo nosso (Senhor) Salvador. Convém dizer que Grenfeel não era bom orador, sentia-se acanhado e nervoso quando ia pregar. Em uma de sua conferências em pról dos doentes, sentiu-se tão nervoso e começou a pegar o fósforo no bolso acabando por fazer fogo sem querer.

Dizia êle que em tudo se alegrava porque sabia que sua alma era imortal e aspirava o céu. Grenfeel fôra quem melhorou não só a vida mortal e espiritual dos esquimós, mas a vida financeira, pois há tempo os pobres pescadores vinham sendo explorados pelos homens dos armazens.

A vida dêste grande servo de Deus pode ser assim interpretada – exemplo brilhante de amor, gôzo, paz, e esperança, "resultado de um amor que se escreve – S-A-C-R-I-F-Í-C-I-O."

Aos 69 anos de idade Wilfredo Grenfeel, o apóstolo incansável, voltou para Vermont, nos Estados Unidos, passando para a eternidade no dia 9 de Outubro de 1940.

Odilon de Carvalho
II ano clássico

           
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