Artes Plásticas
"O
segredo da vida é a arte" Ninguém pode negar que a Arte faz parte da vida. Aliás, a própria vida é uma Arte. E esta se manifesta de muitas maneiras, tanto através do colorido pictórico da natureza, como através do canto harmônico dos pássaros ou da própria estrutura arquitetônica e escultórica das plantas, das montanhas, das rochas. Portanto o fim da Arte é a manifestação ou expressão do Belo, e o meio para isso e a manifestação da Natureza. Mas, a Arte pròpriamente dita é aquela a que chamamos Bela-Arte (com maiúsculas!) ou Belas-Artes, e às suas manifestações foram dadas cinco divisões gerais: Pintura, Escultura, Arquitetura, Música e Dança. Cada uma delas tem as suas divisões e subdivisões, que não nos interessam pròpriamente agora. Sobre a Música, já está sendo inaugurada uma seção neste número da "Idealista"; a Dança não interessa a esta revista; estudaremos, portanto, aqui, as Artes-Plásticas, que são: Pintura, Arquitetura e Escultura. Sendo-nos a Arte estrangeira muito mais conhecida que a do Brasil, impressionar-nos-emos especialmente com esta: a nossa. À medida que se estuda a Arte brasileira, nota-se nela, ao contrário das aparências, uma certa constância. Desenvolve-se, moderadamente, sem modificações bruscas ou transformações repentinas. Houve em nossa arte colonial, muita influência estrangeira. A colonização portuguêsa baseou-se na exploração, na idéia de enriquecimento, tão sòmente. Porém, não deixaram de trazer para cá a arte, e a colônia foi logo mostrando certa facilidade em colhêr e assimilar a arte da metrópole. Os colonizadores não tinham, porém, o intúito artístico ao fazerem suas construções: suas casas e fortalezas eram construídas com o fim único de auto-proteção; e, acostumados a construir com pedras e não as encontrando aqui, eram obrigados a descobrir outros meios e outros tipos de construção, surgindo, assim, verdadeiras obras de arte. Muito vulgar na época colonial e com outras subsequentes, era a escultura com a chamada "pedra-sabão", que os mineiros usavam por fôrça da economia. Houve muita influência européia na arte colonial brasileira, com certas modificações: criou-se um ódio, uma aversão ao supérfluo, um ideal de simplicidade. Mesmo as classes pobres tinha o apego às culturas, à ornamentação rica. Daí as duas faces da nossa arte colonial: simplicidade e enriquecimento artístico. A igreja aceitava a decoração e o enriquecimento artístico-religioso; a fortaleza repelia êsse tipo, preferindo a simplicidade; a casa grande fica no meio-termo. Exemplo de influências estrangeiras foram as paisagens de Frans-Proust. Francês, veio com Maurício de Nassau, nessa época colonial, e pintou paisagens brasileiras, mas, bem influenciadas pelas paisagens européias. Porém, nenhum estilo artístico permanece o mesmo ao se mudar ou a se transformar de um lugar para outro. Daí, logo se foi transformando a nossa arte, foram aparecendo características suas, particulares, originais, até chegar a época do Barroco Mineiro, - época bem mais desenvolvida que a anterior. As pinturas e esculturas (sagradas, principalmente) do Barroco Mineiro são importadas, influenciadas pelos estilos portugueses, italianos e espanhóis. São, geralmente, de primeira ordem e agradáveis à vista. Apesar de ser estilo importado, em maior escala se produziu no Brasil. No barroco de Minas não havia a preocupação em imitar rochas, cascatas, jorros dágua, nem a teatralidade do barroco europeu. Havia, sim, muita paisagem, - simples, mas, expressiva -, muita beleza natural. Essa época se caracterizou principalmente pela preponderância da arte nativa sôbre a importada do estrangeiro. Havia, sobretudo, muita escassez de artistas. É, então, nessa época, que surge Manuel Francisco Lisboa, mais conhecido por Aleijadinho, e cuja vida estudaremos em traços breves no próximo número desta revista. Enoch
Pereira,
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